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Cultura, Diferença, Identidade

Neste momento em que o mundo pasma com a decisão do Reino Unido de sair da Comunidade Européia, trilhando um caminho contrário ao que o mundo espera , paro para me questionar sobre um tema que entendo pertinente: cultura, suas diferenças e sua identidade.

Não podemos falar em cultura sem focar nas questões políticas, visto que regem todas as nossas relações, tanto pessoais como sociais, através da estratégia escolhida de como viver juntos, respeitando o outro.

É através das possibilidades destas trocas que testamos os limites de nossa capacidade de dialogar com o outro.

No mundo ocidental foram os europeus que primeiramente saíram para outros continentes e se confrontaram com as diversidades, não somente nas características físicas, mas também do ponto de vista da vida social, na forma de pensar e de agir.

Neste contexto, surge a pergunta: Como é possível pensar esta diferença? Que impactos produzem? A teoria que tentou justificar as diferenças das culturas no nível do pensamento e da aparência física, pela noção de raça, admitindo subespécies foi uma das teorias mais nocivas da história da sociedade e não teve nenhum embasamento científico que a justificasse.

A dominação política usa a cultura como desculpa e só permanece campo da ideologia para justificar interesses políticos.

Sendo a cultura um instrumento pelo qual nos relacionamos com o mundo, incluindo conhecimento, crenças, arte, moral, leis e costumes adquiridos pelo homem como membro da sociedade e, estando sempre em constante mudança, é importante entender tal processo, exercitando a arte da escuta, já que se poderá ser mais tolerável aos comportamentos de outras culturas, não com o objetivo de se transformar no outro, mas sim exercer seu potencial de humanidade, que é a possibilidade de diferir, elaborar novos símbolos e de se transformar a partir desta criação, pois sendo a cultura simbólica, é transformável.

O trem da história é movido pela possibilidade dos seres humanos construírem suas próprias vidas.

Quando uma sociedade decide que quer mudar é o povo que tem poder para isto.

Na medida em que se relacionam com culturas diferentes vão incorporando outros comportamentos.

Não havendo isto, a cultura permanece fechada, valorizando somente os iguais.

Chegamos ao ponto em questão. Sociedades com ódio, intolerância, dificuldade de lidar com o outro fortalecem as culturas tradicionais, contradizendo-se com o mundo atual de uma possibilidade imensa de comunicação entre os povos.

Não existe uma cultura superior a outra, nem mais desenvolvida, nem mais lógica. Todas possuem seus princípios validos para seus respectivos indivíduos, tendo o mesmo valor, por mais diversas que possam parecer, apresentando regras elementares e genéricas que podem ser estudadas com seriedade e cientificidade, para que se possa compreender melhor as características dos seres humanos inseridos naquele contexto, na tentativa de se conviver pacífica e harmoniosamente.

Como não poderia deixar de ser, concluo com os seguintes questionamentos:

  • Como lidamos com os riscos de ter a diminuição culturas tradicionais? E, com os riscos do fechamento da cultura em si mesmo para evitar o risco do desaparecimento?

  • Como transformar limites para que possamos abrir portais?

O mundo mudou..... muitos temas ultrapassam fronteiras....

Uma sociedade mais justa e pacífica depende sim de cada um de nós.

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